a primeira vez que bebi álcool percebi que me queria sentir daquela forma para sempre.
acho que tudo começou quando eu era criança e os meus pais tinham o hábito de beber vinho às refeições. nada exagerado, apenas um copo ou dois, mas eu queria sempre provar e eles tiveram que começar a beber escondido de mim.
com 7/8 anos comecei a beber champanhe nas festas da família e adorava o sabor mas ardia muito na garganta então nunca bebia mais do que meio copo. foi assim até fazer 14/15 anos, aquela fase em que as pessoas da minha idade começavam a sair à noite e a beber.
como não tinha amigos com quem sair, aproveitava qualquer festa com a família para beber e ansiava a próxima vez que podia beber. percebi que quando bebia um bocado mais do que o normal sentia-me diferente, melhor. adorava como a timidez desaparecia e falava mais abertamente com os meus tios e primos, como o sorriso era mais fácil e como me sentia mais leve.
finalmente, com 18 anos acabei o secundário e tive a minha primeira festa a sério, o baile de finalistas. foi a melhor noite da minha vida. e foi primeira vez que fiquei bêbeda. dancei descalça na pista de dança, falei com pessoas que via todos os dias mas que nunca tinha falado antes e abracei o meu crush. parecia que aqueles momentos e aquelas pessoas eram tudo que importava e existia no mundo. não havia preocupações, problemas ou vida fora dali. e percebi que me queria sentir daquela forma para sempre.
comecei a beber nesse verão quando ia a festas e quando entrei na universidade passei a beber ainda mais. os melhores e piores momentos da minha vida aconteceram enquanto estava bêbeda. as melhores histórias que tenho para contar passaram-se porque estava bêbeda.
tive momentos incríveis, conversas que não teria de outra forma, confissões que não seriam ditas noutra ocasião e beijos que não aconteceriam noutras circunstâncias. dancei com desconhecidos, conheci pessoas novas e ri até não me aguentar de pé. passei noites acordada até ao nascer do sol, criei intimidade com amigas, gritei as letras de todas as músicas que passavam e dancei até ao chão.
mas também tenho histórias não tão boas. pessoas com quem não devia ter falado e estaladas que não devia ter dado. horas que passei sozinha e perdida a vaguear sem saber como ir para casa enquanto alguém me procurava. o buraco que abri num joelho, a bebida que atirei para cima das minhas amigas, as discussões que tive e as vezes que vomitei de tanto beber. há também noites que são uma folha em branco na minha cabeça e o desespero de não me lembrar é pior do que a vergonha de saber.
tive fases em que a minha vida girava em torno do álcool: pensava no que tinha acontecido na última vez que tinha bebido e planeava a próxima. eu vivia pelas noites em que sabia que ia beber. e quando bebia eu não me conseguia controlar nem sabia quando parar e acabava por beber demais a estragar a minha noite e a dos outros.
tive dias seguintes tão maus que me fizeram perder a vontade de beber durante algum tempo. refiro-me tanto à ressaca física como à ressaca moral. as pessoas ainda me conhecem por coisas que fiz bêbeda há dois anos, ainda tenho uma cicatriz no joelho e os meus pais ainda me relembram do que aconteceu quando eu lhes digo que vou sair.
mas tive noites tão boas que no dia seguinte eu só queria beber mais para me voltar a sentir assim. tive momentos tão bons que pensei neles durante semanas e ainda penso algumas noites antes de adormecer. vivi coisas que nunca viveria se estivesse sóbria. digo muitas vezes que toda a gente devia estar bêbeda o tempo todo porque as pessoas são muito mais abertas, comunicativas e felizes. toda a gente se permite ser ela própria e acho que haveria mais facilidade em criar ligações com os outros.
acho que o facto de eu ser tímida e ter dificuldade em falar com as pessoas tem um grande peso no facto de eu adorar beber. eu não consigo ir para uma festa e não beber porque sei que não me vou divertir, provavelmente vou ficar num canto parada, séria e sem falar com ninguém. bebo para conseguir fazer o que não tenho coragem de fazer sóbria. bebo para ser a pessoas que gostava de ser sóbria. o álcool ajuda a me soltar, a sorrir e a conversar. quando bebo deixo de pensar em mim e na forma como ando, falo, sou e estou. tudo se torna mais leve, tudo perde a importância, esqueço o passado e o futuro e foco-me no presente.
acho que gosto de beber porque me permite deixar de pensar e apenas sentir.
Há coisas que perturbam crente por exemplo: uma é, como é que uma pessoa pode falar que o álcool lhe faz bem é o contrário disso é muito vergonhoso lidar com a confusão que a bebida faz um é ato tão terrível na sua rotina.
Nós deveria nos fazer uma lista do que tomamos é, porque as pessoas tá tão confusa que fala que bebe álcool mas que tipo de álcool é este?
Respostas:
Álcool
Diesel
Etanol
Gasolina
Agora você pegou pesado Dani, está meio confuso né pois era necessário eu reforçar isso por quê Deus exigirá de ti tudo que se consomem.